Reencontrei o Ota e ganhei seu mais novo
gibi de presente. Já acompanhava as histórias da Garota Bipolar no Facebook,
mas descobri que a versão analógica introduz novos elementos ao projeto.
O reloginho que marca a
passagem do tempo, revelando que cada história corresponde a um dia na vida dos
personagens e revela que toda a série se passa no espaço de poucos meses. Mesmo
sendo atual e ocorrendo num espaço de tempo cronometrado, ela pode ser lida a
qualquer momento, tanto para os que já conhecem o personagem OTA, álter ego do
cartunista, quanto para os que estão chegando agora.
E é aí é que está o grande truque. Enquanto
boa parte de seus contemporâneos depende de seus acertos pretéritos porque não
consegue conversar com um público mais jovem, OTA não sofre desse
mal. Seu texto é simples e atual.
Cheio de referências modernas, ele agrada
ao leitor que acabou de descobrir um novo cartunista na internet; um
cartunista cujo humor não ofende ninguém e ainda faz piadas com elementos de
seu dia a dia como os famosos aplicativos de pegação e outros hábitos digitais.
“Garota Bipolar: O Início de Tudo” conta
os primeiros dias do bizarro relacionamento de Ota com Bibi, a garota bipolar.
O segredo do sucesso é simples: identificação. Todos tivemos pelo menos uma
Bibi em nossas vidas, alguns até mais de uma. Rimos de nós mesmos e de toda as
namoradas loucas de nossos amigos.
O grande diferencial dessa história é que
apesar de ser uma OTA Adventure, o personagem título não passa de uma escada
para as loucuras de sua estranha parceira, e vez ou outra sua fama resolve
problemas quase insolúveis.
Um grande acerto que segundo OTA
aconteceu por acidente. Bibi duraria pouco mais de algumas tiras, mas ela
acabou praticamente se escrevendo sozinha e entrando para o seleto Hall de
coadjuvantes que tomam conta das histórias em que aparecem.
E o sucesso digital fez com que Ota
voltasse ao analógico onde se criou. Apesar de ter uma versão digital vendida
pelo Kindle e seguir o esquema on demand, o cultuado editor também repete a
fórmula de sucesso que todo autor independente conhece bem. Ele vai a eventos,
onde monta sua mesa e vende seus gibis.
E este é só o começo. Ninguém está a mais
de quarenta anos num mercado tão incerto e cheio de mudanças quanto o nosso se
não souber e reinventar e tiver várias ideias na manga. Algumas novas, outras
antigas, mas todas interessantes.
Como ele e renovou sem abandonar os
velhos fãs, ele criou uma cidade, Otalandia, onde todos os seus personagens novos
e antigos residem e se cruzam de tempos em tempos. Podemos rever velhos
favoritos como a Preta do Leite, que aparece numa série de tiras.
Outra citação constante é o Relatório
Ota, inspiração da campanha de financiamento coletivo: Apoie o Ota. A campanha
sitiada na plataforma Apoia-se.
A campanha convoca os fãs do relatório e
do autor para que cada um colabore com pelo menos R$ 10 para que OTA crie uma
equipe capaz de recuperar e digitalizar das histórias publicadas na Revista
MAD. Quem ajudar a recuperar esse material clássico terá acesso a algo que o
autor denominou OTA Unlimited e é composto por todas as suas ideias ainda não
divulgadas.
Seria chance de rever ou ver clássicos
modernos em primeira mão. Tanto a Garota Bipolar quanto o apoio básico para a
recuperação dos Relatórios Ota custam apenas R$ 10, um valor bem acessível,
principalmente quando comparado ao que vemos tanto em banca quanto nos eventos
Nerd Geek.
Compre o seu e confira. Estamos falando
de um autor que está na ativa pelo menos desde os anos 70 e ainda não
demonstrou sinais de desgaste.
Saiba mais sobre Ota no Facebook ou em
seu site www.ota.com.br.
Fonte: http://impulsohq.com. Alexandre Dassumpcao
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